sábado, 18 de outubro de 2008

NOTÍCIAS QUE INCOMODAM

Visita do secretário da Cultura
A visita do secretário João Sayad, da pasta estadual da Cultura, ao Conservatório de Tatuí rendeu muitas notícias na imprensa. Alguns veículos de comunicação esconderam que houve uma manifestação de alunos no dia da visita, mas o Jornal Integração publicou matéria do jornalista Christian Pereira de Camargo. O texto incomodou tanto a diretoria da Associação dos Amigos do Conservatório de Tatuí que ela resolveu, na quarta-feira, quase no momento do fechamento do semanário, enviar uma carta à redação. Um conselherio presente disse que João Sayad foi muito simpático com os manifestantes e recebeu a todos para uma conversa. Ele disse também que o secretário se atrasou no encontro com o prefeito. E tem mais: outro conselheiro presente, logo após a visita de Sayad, enviou sua carta de demissão do Conselho. Com esta baixa é o quarto conselheiro que deixa o cargo. E o mais engraçado é que o motivo alegado é falta de tempo para comparecer às reuniões. Será que a direção da AACT ainda não desconfiou que algo errado está acontecendo no conselho? Eis a íntegra do comunicado oficial:

A respeito da matéria publicada na edição de 12 de outubro, sobre a visita do Secretário da Cultura João Sayad, a AACT vem apontar as seguintes incorreções:
1. A reunião com o Secretário João Sayad não "durou poucos minutos", como publicado. Foram quase duas horas de conversa, somente interrompida porque o Secretário João Sayad havia agendado reunião com o prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo e manteve, como é seu hábito, a pontualidade.
2. A reunião não foi interrompida pelos dez alunos do curso de MPB & Jazz que se manifestaram por alguns minutos na porta do prédio. Os alunos foram atendidos pelo Secretário João Sayad após a reunião com o Conselho e, nessa conversa, em nenhum momento a substituição de Karin Fernandes foi citada pelos estudantes. Mais uma vez, esclarecemos que não houve "demissão", pois a professora era prestadora de serviços autônoma. Tampouco houve "concurso público", pois a AACT é uma entidade privada. O Secretário tampouco "enfrentou manifestação".
3. A Polícia Militar não foi acionada para dissipar a manifestação. Policiais militares, como é de praxe, acompanharam o Secretário de Estado desde sua chegada à cidade até o retorno à Rodovia Castelo Branco, na volta a São Paulo - fato que foi, inclusive, constatado pelo repórter deste periódico mas omitido por ele.
4. Finalmente, é preciso esclarecer que os funcionários do Conservatório de Tatuí já são celetizados desde 2006. A celetização em curso se refere a professores e músicos da escola, como frisou o Secretário João Sayad.

Posso esclarecer
O jornalista Christian Pereira de Camargo, repórter da rádio e desde jornal, que acompanhou a visita de João Sayad no Anexo 4 do Conservatório, na Rua 15 de Novembro, reitera as informações publicadas. Ele ainda informa que depoimentos pessoais, que constam na matéria, e não em ata de reunião administrativa, foram colhidos em entrevista com o titular da Secretaria da Cultura e estão gravados.

Aparato policial
chamou atenção
O aparato policial, disponibilizado para a visita do secretário João Sayad, citado na carta acima, foi visto também por populares. É lógico que não era igual ao de quinta-feira passada, disponibilizado pelo governo do Estado para conter a Polícia Civil em sua greve em São Paulo, que escandalizou todo o País e teve reflexos negativos na imprensa internacional. Em Tatuí, testemunhas, que presenciaram a manifestação de protestos pacíficos de alunos do Conservatório, na Rua 15 de Novembro, afirmam que neste local estavam postadas – observação delas – “o exagero de três viaturas da Polícia Militar”. Duas do lado esquerdo da rua e uma do lado direito, no sentido preferencial ao trânsito na Rua 15 de Novembro. Segundo um conselheiro, a presença da Polícia Militar foi requisitada, no dia anterior, pela própria direção do Conservatório.

Nossa cidade é ordeira
Talvez, desconheça a direção da AACT, por estar há pouco tempo na cidade, que a população é pacata e ordeira, e isto se justifica no cognome "Cidade Ternura". Mas, um exagerado movimento policial nas ruas sempre causa estranheza e desperta a curiosidade. Ainda mais com algumas pessoas participando de um ato de protesto. E não interessa quantas haviam no local. Protesto é inconformismo. E esses fatos sempre tendem a virar notícia de jornal, quer queira a direção da AACT ou não.

Ele não é "pop star"
E tem mais. Se os alunos foram tão bem recebidos e tiveram a oportunidade de falar com o secretário, como consta na carta, não era perfeitamente dispensável a presença de tantos agentes da Polícia Militar? Afinal, pelo que se sabe, o economista João Sayad não é um personagem tão popular, a ponto de ser confundido com algum “pop star”, e que requeira a presença de tantas viaturas policiais. A propósito, veículos públicos que deveriam estar sendo destinados para atender ocorrências e as reais necessidades da população.

Demissão de pianista
Quanto ao caso da pianista Karin Fernandes – que também consta da carta - não pretendemos entrar no mérito desta questão. A presença de 10 ex-alunos de MPB e Jazz da pianista, presentes na manifestação de protestos, como a própria AACT confirma, já fala por si só. Na missiva, a direção do Conservatório faz questão de deixar patente que também se incomoda quando a imprensa se reporta ao episódio da saída da pianista como ato de “demissão”. Na verdade, o que está explicito – e isto já foi publicado por este jornal - é que ela está impedida de exercer seu trabalho. Aliás, o que está ainda mais visível –e ninguém pode negar – é que a pianista foi posta para fora do Conservatório a toque de caixas e outros instrumentos, ao nosso ver, desafinados com os verdadeiros princípios da tolerância. E, tudo nos leva a crer, por exercer seu sagrado direito de questionar e apresentar denúncia ao Ministério Público de Tatuí , apenas para que este órgão faça uma averiguação sobre possíveis irregularidades, supostamente cometidas em concurso para admissão de professores, realizado pela atual administração executiva desta respeitável escola de música.

A AACT se julga privada
E, por derradeiro, quando a direção afirma na missiva que “a AACT é uma entidade privada”, esta frase extrapola e passa a ser temerária. A AACT pode ser, mas o Conservatório, não. Pelo que consta, ainda ninguém pode se apossar e se intitular dono desta escola de música. O Conservatório de Tatuí, criado por lei estadual, recebe seus recursos provenientes de impostos pagos pela população, repassados à entidade musical pelo Governo do Estado de São Paulo. Sua diretoria, ao gerir este dinheiro público, tem o dever-obrigação – como agora o faz na carta - de prestar contas de seus atos, tanto à comunidade tatuiana, como aos órgãos fiscalizadores governamentais. E ponto final.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só um pequeno detalhe: foi dito no blog que "A presença de 10 ex-alunos de MPB e Jazz da pianista, presentes na manifestação de protestos, como a própria AACT confirma, já fala por si só". Ocorre que a pianista sequer dá aulas na área de MPB/Jazz - ela era professora da área erudita -, de forma que eles alunos NÃO SÃO DELA. Aliás, sequer alunos de piano eles eram...
E o Conservatório, é lógico, jamais iria confirmar o contrário, né!?
Não são as notícias que incomodam, mas sim as inverdades que elas insistem em pronunciar. A que pretexto???