terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

BENTO XVI É O QUARTO PAPA A RENUNCIAR



O Papa Bento XVI, que anunciou sua renúncia nesta segunda-feira (11), é o quarto sucessor do Trono de Pedro a abdicar de seu reinado de Romano Pontífice, durante a história da Igreja Católica. A notícia pegou o mundo de surpresa e a renúncia faz parte do noticiário do planeta. Registros históricos indicam que o primeiro a renunciar foi o Papa Clemente I, no ano 97 DC e sua morte registrada no ano 99 (primeira foto à esquerda). Nesta época, Roma era governada pelo Imperador Domiciano e a abdicação do Sumo Pontífice é justificada historicamente por causa de força maior. Clemente I, italiano, foi martirizado pelo Imperador Trajano. A segunda renúncia foi do Papa Celestino V (foto em preto e branco), italiano, e batizado com o nome de Pietro Del Morrone, com pontificado no Século XIII. Era da Ordem de São Bento e permaneceu apenas cinco meses como Sumo Pontífice, de 5 de julho a 13 de dezembro de 1294. E o terceiro a abdicar foi o Papa Gregório XII (foto redonda). Nascido na Itália, com o nome de Angelo Correr, seu reinado na Igreja Católica foi de 30 de novembro de 1406 a 4 de julho de 1416.
Estudiosos do Código de Direito Canônico, promulgado em 1983 sob o pontificado do Papa João Paulo II, confere norma jurídica que legitima a abdicação (ou renúncia) ao Trono de Pedro. O cânon (artigo) 332, n. 2, do CDC, prevê essa possibilidade. É interessante observar que a renúncia ao Pontificado Romano, desde que livremente manifestada, mostra-se como uma declaração unilateral de vontade não receptícia, isto é, não dependendo, portanto, da aceitação de qualquer outro órgão ou autoridade da Igreja.
Canonistas de diversas origens, reunidos nesta tarde em Tatuí, discutiam os aspectos jurídicos resultantes desse ato de renúncia. Inclusive, debateram a questão da possibilidade, ou não, de o Papa Bento XVI de retratar-se dessa abdicação. Na realidade, a legislação canônica impede que, uma vez regularmente consumada a renúncia, esta se torna insuscetível de arrependimento. É curioso assinalar que o Papa Bento XVI praticou um ato de renúncia a termo. Ele indicou a data de 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, no horário de Roma (16 horas em Tatuí), data e hora, a partir das quais, deixará de ser o Romano Pontífice reinante. Em seguida, o Conclave será convocado pelo Cardeal Camerlengo da Igreja de Roma, atualmente o Cardeal Tarcisio Bertoni, Secretário do Estado do Vaticano.

PALAVRAS DE BENTO XVI

Eis as palavras com que Bento XVI anunciou a sua decisão:
Caríssimos Irmãos,convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.
Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.
(Foto do Osservatore Romano, órgão oficioso do Vaticano)

Nenhum comentário: