No período de seis dias, o Brasil
perdeu dois jornalistas, que se notabilizaram como ícones na defesa da
liberdade de imprensa e expressão. No dia 21 de maio, Ruy Mesquita(primeira foto) diretor do
jornal “O Estado de São Paulo”, faleceu aos 88 anos. Mesquita fazia parte da
terceira geração de uma das mais tradicionais famílias de jornalistas do Brasil
e, por mais de 60 anos, esteve na linha de frente do “Estadão”. Era o
responsável direto pelos editoriais do jornal. E dia 26 de maio, faleceu, aos
76 anos, Roberto Civita (segunda foto), criador da revista “Veja”. Era diretor editorial e
presidente do conselho administrativo do Grupo Abr il.
Dedicou décadas de sua vida à paixão de editar revistas e transformou a Abr il em um dos maiores grupos do setor de
comunicação da América Latina.
Matéria
publicada pelo site “Consultor Jurídico”, no dia 22 de maio, lembr a que, durante a ditadura militar, Ruy Mesquita “enfrentou
a censura prévia sobr e os veículos ‘O Estado de
São Paulo’ e ‘Jornal da Tarde’, que
fundou em 1966, e publicava poesias e receitas no lugar das matérias
censuradas, como protesto contra a severa vigilância dos censores, que chegaram
a apreender uma edição”. O ministro Gilmar Mendes, do STF, disse que “o Brasil perdeu um operário da democracia, um feroz
defensor da liberdade, valores que sempre nortearam o jornalismo maiúsculo do
grupo Estadão”.
Neste período triste e obscuro da
história do País, Roberto Civita também lutou contra a ditadura e pela
liberdade de expressão. Fundou a revista “Veja” em 1968, em pleno regime
militar, e disse que ela surgia “para contar a verdade”, embora isso fosse
difícil em ambientes hostis à liberdade de imprensa. A capa da edição
que noticiou o endurecimento do regime, com uma foto do então general-presidente
Arthur da Costa e Silva sentado solitário no plenário do Congresso, fechado
pelo Ato Institucional nº 5, desagradou os militares, que ordenaram a apreensão
de todos os exemplares da revista. Seguiu-se a instauração da censura prévia, que
passou a tolher os passos das principais publicações do País e da imprensa em geral. E esta censura só
foi vencida graças à luta e a resistência de nomes como Ruy Mesquita e Roberto
Civita. (Texto de Rogério Lisboa, redator do Jornal Integração. Fotos: divulgação).
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