quinta-feira, 30 de maio de 2013

MORREM DOIS ÍCONES DA LIBERDADE DE IMPRENSA


No período de seis dias, o Brasil perdeu dois jornalistas, que se notabilizaram como ícones na defesa da liberdade de imprensa e expressão. No dia 21 de maio, Ruy Mesquita(primeira foto) diretor do jornal “O Estado de São Paulo”, faleceu aos 88 anos. Mesquita fazia parte da terceira geração de uma das mais tradicionais famílias de jornalistas do Brasil e, por mais de 60 anos, esteve na linha de frente do “Estadão”. Era o responsável direto pelos editoriais do jornal. E dia 26 de maio, faleceu, aos 76 anos, Roberto Civita (segunda foto), criador da revista “Veja”. Era diretor editorial e presidente do conselho administrativo do Grupo Abril. Dedicou décadas de sua vida à paixão de editar revistas e transformou a Abril em um dos maiores grupos do setor de comunicação da América Latina.
            Matéria publicada pelo site “Consultor Jurídico”, no dia 22 de maio, lembra que, durante a ditadura militar, Ruy Mesquita “enfrentou a censura prévia sobre os veículos ‘O Estado de São Paulo’ e Jornal da Tarde’, que fundou em 1966, e publicava poesias e receitas no lugar das matérias censuradas, como protesto contra a severa vigilância dos censores, que chegaram a apreender uma edição”. O ministro Gilmar Mendes, do STF, disse que “o Brasil perdeu um operário da democracia, um feroz defensor da liberdade, valores que sempre nortearam o jornalismo maiúsculo do grupo Estadão”.

            Neste período triste e obscuro da história do País, Roberto Civita também lutou contra a ditadura e pela liberdade de expressão. Fundou a revista “Veja” em 1968, em pleno regime militar, e disse que ela surgia “para contar a verdade”, embora isso fosse difícil em ambientes hostis à liberdade de imprensa. A capa da edição que noticiou o endurecimento do regime, com uma foto do então general-presidente Arthur da Costa e Silva sentado solitário no plenário do Congresso, fechado pelo Ato Institucional nº 5, desagradou os militares, que ordenaram a apreensão de todos os exemplares da revista. Seguiu-se a instauração da censura prévia, que passou a tolher os passos das principais publicações do País e da imprensa em geral. E esta censura só foi vencida graças à luta e a resistência de nomes como Ruy Mesquita e Roberto Civita. (Texto de Rogério Lisboa, redator do Jornal Integração. Fotos: divulgação).

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