
Do número 1 ao 1781
Dia 24 de dezembr o
de 2013, em sua edição 1781, o Jornal Integração chega aos 38 anos longos anos
de trajetória. Durante este espaço temporal, o semanário sempre esteve sob a
administração e editoria do jornalista José Reiner Fernandes. Foram muitas
latas de tinta, quilômetros de papel-bobina, milhares de exemplares,
questionamentos e embates políticos. Acredita-se que em um sistema democrático,
a posição mais desconfortável é a do
jornalista. Ele sempre está na incômoda posição, entre a opinião pública e o
poder. Mas, é gratificante, como afirmava o professor Hélcio Carvalho Castro,
em suas memoráveis aulas na “Cásper Liíbero”. Ele era tão apaixonado pelo
jornalismo, que provocava cena de ciúme até no ambiente familiar. Ele contou
aos alunos que um dia, por permanecer horas infindáveis na redação, ao chegar
em casa, sua esposa o questionou:
Afinal, Hélcio, você é casado comigo ou com uma rotativa (máquina de imprimir
jornal)?
Durante quase quatro décadas de circulação, o
“Integração” acompanhou as administrações dos prefeitos Paulo Ribeiro, Olívio
Junqueira, Joaquim Amado Veio Quevedo (duas gestões), Wanderley Bocchi, Ademir
Borssato (duas gestões), Luiz Gonzaga Vieira de Camargo (duas gestões) e agora
escreve a biografia do prefeito José Manoel Correa Coelho (Manu). Em 1975,
Tatuí contava com uma população de 42 mil habitantes, sendo 8 mil na zona
rural. Época em que o município contava com pouca infraestrutura e um novo
setor produtivo de indústrias começava a despontar. A cidade contava com a
infeliz experiência das indústrias têxteis, que durante décadas absorvia o
contingente de trabalhadores da cidade. Estas entravam em solvência e Tatuí
definia um novo perfil de trabalhador no cotidiano da cidade. A Avenida Pompeo
Reali era o local de reunião de centenas de homens, mulheres e até crianças. Nas
primeiras horas da manhã, caminhões arrebanhavam estes trabalhadores, chamados
popularmente de “bóias frias”. Denominação dada pelo fato de levarem marmitas e
comerem a comida fria. A falta de oportunidade de empregos na cidade, fazia com
que estas pessoas trabalhassem nas
plantações e colheitas, na zona rural. Na época, era realidade a Concha Acústica,
o Centro Esportivo “Major Magalhães Padilha”, na Praça da Matriz funcionava uma
fonte luminosa, depois transformada em coreto. Aliás , esta praça sempre foi a preocupação
dos governantes municipais. Ali tirava-se fonte, colocava-se coreto e vice-versa.
Outras praças centrais, que até hoje nunca ninguém ousou implementar mudanças,
são as praças Paulo Setúbal, da Escola Barão de Suruí e Martinho Guedes,
conhecida como praça do pinheirão. Ela até hoje conserva o verde predominante no calçamento, a
cor oficial do prefeito Olívio Junqueira, último a reformá-la em sua primeira
gestão (1956/59). Outro grave problema afetava a cidade. Em 1975, a população padecia
com a consequência de um inadequado
serviço de fornecimento de água e a coleta de esgoto só existia nas ruas
centrais, por obr a e visão de
Alberto do Santos, prefeito de Tatui entre 1952 e 1955. Em 1976, o Jornal
Integração publica uma notícia alvissareira. O prefeito Paulo Ribeiro entrega o
município aos cuidados da Sabesp. Promessas de grandes investimentos e
instalação de uma grande represa no Rio
Tatuí, que garantiria fornecimento de água até o ano 2.030, faziam parte do
pacote de melhoramentos. Nestes 38 anos de circulação, o jornal também
registrou o pujante progresso
experimentado pelo município em todos os setores. De um mundo mais lento, para
o advento da informática, tudo começa a se transformar em Tatuí e outras
cidades da região. Novas indústrias, grandes magazines e a união de
comerciantes para transformar o município em pólo regional de compras começam a
desenhar um novo modelo de desenvolvimento. Hoje, Tatuí conta com 110 mil
habitantes e seu eixo econômico se deslocou para outros setores. O comércio, a
indústria e o setor de serviços criam novas oportunidades. Mas, ainda há muito
a se fazer. E, para esta realidade, a cidade deve contar com administradores honestos
e probos, que se identifiquem apenas com o desenvolvimento e não interesses
escusos. Tudo mudou neste lapso de tempo, entre o lançamento deste periódico
até os dias atuais. O Jornal Integração surgiu na véspera da data em que se
comemora o nascimento de Jesus Cristo. Para saudá-lo, por ocasião de sua
fundação, ninguém melhor que um religioso e identificado com os ideais cristãos.
O escolhido foi Frei Timóteo, o Monge de Porangaba, na época com 65 anos. Em carta enviada à redação, com palavras alentadoras, Frei Timóteo abençoou o semanário. Disse o franciscano, à época: “O
nosso interior se ressente da falta de comunicadores sociais preparados
intelectual, cívica e moralmente para as grandes batalhas que se travam na
formação de nossa cultura, continuando a civilização br asileira.
Era justo que a terra natal de Paulo Setúbal, Chiquinha Rodrigues, Maurício
Loureiro Gama e outros expoentes da nossa cultura fosse escolhida para
lançamento do Jornal Integração”.
Jornal se faz com ideias
Thomaz Jefferson (1743-1826), terceiro presidente dos
Estados Unidos, disse que “se tivesse que decidir se devemos ter um governo sem
jornais, ou jornais sem governo, eu não vacilaria um instante em preferir o
último”. Durante seus 38 anos de trajetória, o Jornal Integração sempre contou
com uma equipe de colaboradores. São pessoas que gostam de externar seus
pensamentos e levar sua contribuição cultural à comunidade. Este semanário
sempre foi um veículo transformador das palavras em ideias, das ações em
reações e nunca transigiu em sua nobre missão de dar a palavra para todos
aqueles que querem ser ouvidos. O semanário teve o privilégio de contar em seu
quadro de colaboradores com articulistas e cronistas de escol. Alexandre Milani
Filho (o Irmão Cleófas), Maurício Loureiro Gama, José Celso de Mello (poeta e
articulista), dr. Nelson Marcondes do Amaral e muitos outros expoentes da
cultura tatuiana fazem parte da história deste jornal.
Partícipes da história do jornal
Levar avante um jornal de interior sempre foi tarefa difícil e, na gíria das redações, as
pessoas que se atrevem neste mister são consideradas “carregadores de pedras”. Fica
aqui um registro histórico de pessoas que batalharam para levar avante os
ideais da imprensa do interior. O editor José Reiner Fernandes, jornalista
Aideé Maria Rodrigues Fernandes, nossos colaboradores Shisue Shimizu, jornalista Rogério Lisboa, administrador Renê
Fernandes e tantos outros que compõem nossa equipe. E também contam com o
reconhecimento deste semanário, o ministro Celso de Mello, que desde a primeira
edição acompanha o “Integração”, em todos seus momentos. Advogado José Rubens
do Amaral Lincoln, pelas infindáveis noites sem dormir, para garantir a liberdade
de imprensa e a livre expressão. Professor Acassil José de Oliveira Camargo,
jornalista Chico Lang, Ivan Gonçalves e Roberto Antonio Carlessi, já falecido,
por acreditarem e contribuir para que o Jornal Integração se tornasse realidade. E, finalmente, aos nossos leitores, assinantes e anunciantes
que tanto contribuem para garantir a longevidade deste semanário.
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